Fonzi Screamer, o início na liga inglesa.

Chelsea 2000/01


"O inglesão fervia. 

Saldo da primeira época. Liverpool campeão. Eu fui demitido após perder para o Liverpool, 3x0, numa arriscada empreitada fora. Na verdade esperaram eu me ferrar pra me demitir. Não, na verdade me demitiram quando eu ganhei um jogo fora contra um retrancado Derby por 2x1 e com a classificação para a UEFA encaminhada. Depois da minha saída, o clube ainda atingiu o 8o lugar mesmo empilhando 4 empates, 2 derrotas e uma vitória apenas contra o Tottenham (rival). O técnico ainda é o Frank Rijkaard. Como destaque, a vitória contra o Man United por 2x1 no Highbury, gols de Basler e Zola no segundo tempo, sendo que o de Zola foi aos 90'. O placar foi aberto por ele, Dwight Yorke no minuto da caninha... um belo quadro estatístico, e a típica pontaria inglesa apontada para nossa defesa, mas Bogarde, homem do jogo, e Ed de Goey, com 8 garantiram a féria. Aos 28' Scholes viu Yorke dentro e o atacante jogou por cima. No apito do juiz, Yorke teve uma chance, desperdiçando-a com um pot-shot. Aqui tem goleiro. No segundo tempo, Yorke recebe passe na área após Roy Keane encontrá-lo, seguido de uma cobrança de falta por Scholes que não encontrou seu destino, aí se deu o gol (Replay em Fita gravada sobre o filme Silêncio dos Inocentes da locadora). Ed de Goey absorveu a ofensiva de Scholes e depois disso foram vazados. "


"2001 – verão inglês

Passou despercebido, enquanto eu arrumava as coisas no quarto, a medalha da Charity Shield conquistada sobre o Man Utd, inaugurando a temporada de futebol, por 3x1, com dois gols de Hasselbaink e um do estreante Karembeu. É passado, nada mais do que isso, são apenas recordações. O que me espera no futuro? A temporada está encerrada, me assalta o pensamento de que havia já assinado um contrato com Fernando Couto para a próxima temporada, para brigar pela titularidade e por £ 19,500 p/w apenas. O Chelsea ainda está em mim. Talvez deva voltar para a vila industrial onde nasci e aprendi a jogar bola, nos arredores de Manchester.

Deixo as coisas em casa e vou passear pelos jardins de Kensington. Esse belo parque, com flores sempre abertas entre calçadas cênicas e gramados convidativos para uma soneca, era um dos refúgios durante essa intensa época de 2000 para 2001. Não muito longe do meu flat, a princesa Diana havia escolhido uma típica casa londrina para morar, logo após casar com o Príncipe Charles. Mas é passado também, a princesa do povo educou seus filhos e, junto com seu segundo marido muçulmano, faleceu numa fatídica tarde londrina em acidente de trânsito. Um dia que corria sem agitação transformou-se em um evento de estado. Os seus filhos agora estão de luto, Charles fez questão de que ninguém filmasse os meninos e tudo ocorresse como um típico funeral inglês. Após as palavras do arcebispo de Canterbury, que celebrou o seu casamento, o rio da vida seguia seu rumo em mais uma tarde cinza.

Não há também Freddie Mercury, um dos amigos mais próximos da princesa. Um grande talento, também se foi precocemente, vitimado pela AIDS, ainda uma doença muito estigmatizada na sociedade. A princesa fez questão de discutir esse assunto publicamente após a morte do cantor. Ele também tinha morado por ali, após atingir a fama e o sucesso com o Queen, Farroukh Balsara adquiriu uma mansão neste lado da cidade.

Caminho mais, vou de metrô até a idílica margem do Rio Tâmisa. Pego uma balsa. Ali, todas as pessoas estão sentadas, mas aparentemente só a água se move. Eu mantenho o olhar fixo na água. São alguns longos meses para começar a nova temporada, e quem sabe o quanto mais terei de esperar? Na volta para o apartamento, pego alguns jornais e acompanho as sessões de esporte. Alguns times na Third Division estão sem treinador. Pego meu telefone, "Olá, sou o treinador do Chelsea, Fonzi Screamer... Tu-tu-tu-tu...". Nada, minha reputação está muito baixa após a demissão. Londres e seus clubes rivais, grandes transações, jogos eletrizantes, as vitórias sobre o time de Sir Alex Ferguson, nada disso faz parte da minha condição. Todo dia é como o outro, sou apenas um torcedor.

Enquanto aguardo minhas chances, encontro algum ânimo em acompanhar o time inglês. A seleção está muito bem montada. Os jovens jogadores já são estrelas. O futuro parece promissor para o futebol inglês. Há quanto tempo não temos uma geração com tanta qualidade? Steven Gerrard, Frank Lampard, Rio Ferdinand, Paul Scholes, Michael Owen, Seaman, David Beckham, Steve McManaman, Ashley Cole, Sol Campbell, Martin Keown, irmãos Neville, Sheringham, Fowler, Carragher, Collymore de fora... O que poderia dar errado?

Jogadores da Inglaterra debatem sobre a geração de ouro

Em 25 de maio me desloco até Derby, lugar onde minha demissão estava sendo discutida por trás de portas fechadas, enquanto eu e os garotos vencíamos a minha última partida no comando. No primeiro tempo, a Inglaterra já está em ampla vantagem com 3x0. No segundo tempo, Sheringham entra e bate a falta no ângulo. Impressionante. Eu acompanhei com entusiasmo o que a BBC relatou assim:

Inglaterra parece estar achando o time para o Mundial

O Gaffer aproveitou o amistoso para apresentar os jovens talentos Alan Smith, Michael Carrick, Joe Cole e Danny Mills. Nada pode deter essa máquina.

Um amigo meu, imigrante de Belize e de ascendência mexicana, gravou os lances da partida em uma fita VHS: Amistoso Inglaterra 4 x 0 México


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